quarta-feira, 6 de abril de 2011

França avisa por e-mail descoberta
de destroços do voo Rio-Paris

Parentes de vítimas brasileiras souberam pela imprensa que havia corpos no mar
Mariana Costa, do R7, no Rio



Patrick Kovarik/04.04.2011/AFPatrick Kovarik/04.04.2011/AF
Restos da fuselagem do A330 foram encontrados a quase quatro mil metros de profundidade, dois anos após o acidente que causou a morte de 228 pessoas
 
Foi por e-mail que as autoridades francesas informaram aos familiares das vítimas do acidente com o voo 447 da Air France sobre a descoberta dos destroços do avião que caiu no oceano Atlântico e causou a morte de 228 pessoas em 31 de maio de 2009.
Veja fotos dos destroços no fundo do mar

A mensagem foi enviada na tarde do último sábado (2) e não informava que também haviam sido localizados corpos no interior da fuselagem.
Um dia depois, a notícia da descoberta de restos mortais entre os destroços era amplamente divulgada pela imprensa francesa e brasileira, antes que todos os familiares tivessem sido avisados.
A localização dos restos da aeronave ocorreu pouco depois do início da quarta fase de buscas do avião, no dia 25 de março, em uma nova área de 10 mil km2 que não havia sido vasculhada até então.
Nelson Marinho, presidente da Associação de Familiares das Vítimas do Voo 447, reclama do comportamento das autoridades francesas à frente do caso. Ele acusa o Escritório Francês de Investigação e Análise da França (BEA, na sigla em francês), órgão responsável pelas investigações sobre as causas do acidente, de tratar os parentes com “indiferença”.

- É a forma que eles nos tratam desde o início. As informações que recebemos ainda são muito poucas. Quando soube, lá na França já tinham divulgado as imagens pela imprensa, sendo que na última reunião haviam prometido que as famílias seriam informadas primeiro.

A notícia provocou sentimentos conflitantes entre os familiares. Ao mesmo tempo em que a possibilidade de enterrar os seus entes queridos coloca um ponto final na angústia de quem fica, a descoberta trouxe de volta o luto pelo acidente.

- Não sei se todos vão conseguir ter os restos dos seus familiares. Vai ser um alento para quem conseguir, porque você só finaliza quando enterra.


 

Afegãos voltam a protestar contra queima do Corão

Manifestantes pedem julgamento do pastor americano Terry Jones por ter queimado livro sagrado

 Afegãos queimam boneco de Terry Jones durante protesto.

CABUL - Novos protestos ocorreram hoje na capital afegã, Cabul, por causa da queima de um exemplar do Alcorão por um pastor dos Estados Unidos. As manifestações contra esse ato estão em seu quinto dia no Afeganistão. Centenas de pessoas se reuniram na Universidade de Cabul gritando "morte à América" e "nós queremos que quem queimou o Corão seja julgado".
Os protestos anteriores deixaram 24 mortos, incluindo sete funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU).
Um porta-voz do Ministério do Interior confirmou o início do protesto, liderado por estudantes da universidade. "Ele é pacífico e está sob controle no momento", disse o porta-voz.
A segurança foi reforçada, para impedir que os estudantes deixassem o campus no protesto. Ruas que levam à universidade foram bloqueadas.
A queima do Alcorão foi realizada pelo pastor evangélico Terry Jones, em uma congregação da Flórida.
Os protestos começaram na sexta-feira em Mazar-i-Sharif, quando um escritório da ONU foi atacado e os empregados foram mortos. Cinco manifestantes afegãos também morreram em confrontos com a polícia.
Doze outras pessoas morreram em dois dias de violentos protestos em Kandahar, no sul afegão. O presidente Hamid Karzai ordenou uma investigação das manifestações. A religião é um tema delicado no conservador Afeganistão, onde tropas internacionais comandadas pelos EUA enfrentam a insurgência liderada pelo Taleban.

Países europeus enfrentam o pior inverno em décadas

    AE-AP - Agencia Estado
    Um clima de inverno rigoroso paralisou hoje várias regiões da Europa. As ruas de algumas cidades chegaram a acumular 47 centímetros de neve. Houve cancelamento de voos, transtornos no tráfego rodoviário e milhares de pessoas tiveram problemas para chegar ao trabalho e às escolas.


    Na Inglaterra, que sofre o pior inverno desde 1981, foram cancelados 150 voos no Aeroporto de Heathrow. O trem Eurostar, que liga o país à França, suspendeu o serviço hoje.

    Na Noruega, as temperaturas caíram para 41 graus negativos. Foi a medição de temperatura mais baixa no país escandinavo desde 1987. A chefe do controle de tráfego aéreo do Aeroporto de Roros, Lise Dukan, disse que o gelo precisou ser removido manualmente das asas dos aviões.

    As nevascas no norte da Dinamarca também atingiram rodovias, ferrovias e o tráfego aéreo. Na Alemanha, grandes partes do país ficaram cobertas pela neve, com temperaturas de até 22 graus negativos no estado da Saxônia-Anhalt, no leste do país.

    No resto da Europa, o tempo está mais moderado. A França e a Suíça escaparam em grande parte da onda de frio, embora tenham sido emitidos alertas de baixas temperaturas para o oeste da França.

    Os meteorologistas culparam o frio prolongado no sistema do clima ártico, que promete temperaturas baixas em todo o mês de janeiro. O escritório britânico do clima advertiu que, se o frio se prolongar até o final de fevereiro, será o inverno mais rigoroso na Grã-Bretanha em três décadas.

    "Não existe sinal de que isso está perto do fim - isso vai durar pelo menos até o final da próxima semana", alertou Clare Allen, da MeteoGroup, uma empresa privada de previsão do tempo.

    Países da América do Sul enfrentam problemas com o fornecimento de gás

    Países da América do Sul enfrentam problemas com o fornecimento de gás

    A Methanex, do Canadá, depende da Argentina para 60% do gás que necessita para a sua usina de metanol Cabo Negro, mas as reservas da Argentina secaram em junho do ano passado.
    Segundo a companhia isso significou que ela deixou de produzir 600 mil toneladas apenas no quarto trimestre de 2007. O metanol, que é usado para a fabricação de garrafas recicláveis de plástico, tintas e aditivos de combustíveis, está custando US$ 698 (cerca de R$ 1,4 mil) a tonelada - mais do dobro do preço de junho passado.
    Os infortúnios da Methanex são um exemplo contundente de como o Chile, que produz mais de um terço do cobre mundial, é o último elo vulnerável de uma tensa cadeia de fornecimento de gás em uma região na qual políticas populistas têm prejudicado a exploração das reservas energéticas.
    A crise de energia está pesando sobre as previsões de crescimento do Chile, no momento em que o país procura assegurar uma vaga na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Espera-se que a economia cresça 4,6% neste ano, comparados aos 5,2% do ano passado. Maria Olivia Recart, a sub-secretária de Finanças do Chile, afirmou neste mês que as restrições relativas ao gás provocaram uma redução de 0,5% a 1% do produto interno bruto do país.
    Héctor Castillo, presidente da Associação de Proprietários de Indústrias, diz que algumas companhias chilenas estão deslocando a produção para o Peru ou a Argentina devido aos custos.
    Um tópico que estará na agenda dos presidente da Argentina, do Brasil e da Bolívia neste fim de semana será como fazer com que as reservas em declínio da América do Sul supram a demanda.
    O Chile, que depende de combustíveis fósseis para mais da metade das suas necessidades energéticas, importa todo o seu gás da Argentina, mas Buenos Aires reduziu as exportações no ano passado a fim de atender à crescente demanda doméstica estimulada pelo subsídio dos preços da energia elétrica.
    A escassez de reservas nos dois países significa que as usinas geradoras de energia elétrica trocaram o gás pelo diesel, que é cerca de três vezes mais caro. “O gás da Argentina é coisa do passado”, afirma Juan Carlos Guajardo, diretor executivo da Cesco, uma organização vinculada à indústria de cobre do Chile. Ele teme um “risco bastante real de problemas de produção” para o cobre chileno neste ano, já que a escassez de gás é agravada pela carência de chuvas, que afetará a produção hidroelétrica, gerando a possibilidade de apagões.
    Na Argentina, os baixos preços da energia elétrica afastaram os investimentos em projetos para o aumento da produção doméstica de gás, e o governo tem apelado para as importações suplementares da Bolívia. Mas a Bolívia não consegue atrair capital estrangeiro para incrementar a sua produção desde que enviou tropas para nacionalizar a sua indústria de gás em 2006, e agora admite ser incapaz de atender aos ambiciosos acordos de exportações firmados com a Argentina e o Brasil, o seu outro cliente estrangeiro.
    A Bolívia firmou contratos para o fornecimento de até 30 milhões de metros cúbicos de gás diários ao Brasil e de 7,7 milhões à Argentina. No momento, ela só está fornecendo cerca de 27 milhões de metros cúbicos diários ao Brasil e três milhões ou menos à Argentina. À medida que aproxima-se o inverno do hemisfério sul, a demanda de ambos os países aumenta.
    A Argentina está enfrentando graves racionamentos de energia, e luta para conter a demanda de eletricidade, apesar de um programa governamental para a economia de energia elétrica. De acordo com a consultoria Fundelec o consumo de eletricidade atingiu níveis recordes em janeiro deste ano, alcançando um patamar que foi quase 5% superior ao mesmo mês do ano passado.
    No Brasil, onde a maior parte da energia elétrica é gerada por usinas hidroelétricas, a baixa pluviosidade fez com que aumentasse a dependência das usinas movidas a gás. Na semana passada a Bolívia tentou persuadir o Brasil a aceitar uma redução das suas importações de gás para permitir que a Argentina recebesse uma quantidade maior do produto, já que este país sofreu apagões no início do verão e uma crise de abastecimento de energia elétrica no inverno passado, quando o governo ordenou às fábricas que reduzissem o consumo. Mas o Brasil mantem-se relutante.
    Emilio Apud, ex-secretário de Energia da Argentina, diz que o Chile adotou várias medidas para enfrentar a crise. Os chilenos estão construindo duas usinas de gás natural liqüefeito, projetadas para acabar com a dependência da energia argentina no ano que vem, quando usinas movidas a carvão deverão suprir de eletricidade no médio prazo a região de mineração de cobre no norte do país.
    A Argentina está planejando construir o seu próprio terminal de gás natural liqüefeito e possui um projeto do mesmo tipo com o Uruguai. Este projeto está bastante atrasado. “Creio que a Argentina terá problemas com o fornecimento de gás… Não tenho dúvida de que os apagões do inverno passado voltarão a ocorrer”, afirma Apud.
    Ironicamente, o Chile poderá em breve socorrer a Argentina. Enrique Dávila, diretor da Enap, a companhia estatal chilena de eletricidade, prevê que o Chile poderá ser capaz de exportar um excedente de gás natural liqüefeito para a Argentina em 2010.